Os mesmos sentimentos de Cristo Jesus (Fil 2,5)
Somos um povo em amargura pelos incêndios deste verão. A tristeza é profunda. Tão grande é a dor! Um primeiro passo é fazer silêncio. Pensar, pensar no sentido da vida, no valor das coisas e da natureza, no sentido do trabalho.
E muitos, no meio do silêncio, partiram com os primeiros mantimentos, roupas, presença amiga, calor humano.
Primeiro vieram os anjos…- “Olhe, menina, aquelas baforadas de fogo, devoravam tudo! Por aqui, andou o diabo, mas Deus andou connosco ao colo. Conseguimos sobreviver. E, agora, temos recebido muito apoio. Esta semana, andaram aqui, dois anjinhos a lavar e a pintar a minha casa de branco” (O homem de Penacova referia-se a duas jovens de Guimarães que andaram a arranjar-lhe a casa).
De seguida virão os reis magos… se calhar ainda desorientados entre acusações e discussões políticas, talvez à procura do melhor caminho ou a preparar a bagagem. Irão pôr-se a caminho, certamente, pois os anjos já anunciaram o nascimento do Filho de Deus: “E, quando quisemos entregar-lhe dois sacos com bens, ele aceitou só um, dizendo que alguém podia precisar mais do outro do que ele”.
No coração deste homem Jesus já nasceu, pois nele estão espelhados o mesmo amor e os mesmos sentimentos de Jesus, como nos diz S. Paulo: “Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus. Procurai ter os mesmos sentimentos, assumindo o mesmo amor, unidos numa só alma, tendo um só sentimento; Não façam nada por ambição, nem por vaidade; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós próprios, não tendo cada um em mira os próprios interesses, mas todos e cada um exatamente os interesses dos outros” (Fil 2,2-5).
Sublimes estão a ser os atos solidários. Os corações uniram-se e os homens manifestam-se irmãos. O sofrimento e os gestos de amor transformam os nossos corações. Em cada coração há sempre um cantinho para uma manhã de esperança. Jesus vai entrando de mansinho, no meio do silêncio. Ele vem recriar todas as coisas, os verdes dos campos e das serras, as terras de milho, de vinha, de batatas, de frutos, de flores,… as águas límpidas a descer das montanhas. E nem a morte tem a última palavra sobre a vida. O ato criador de Deus também é obra do presente. Assim nós saibamos aprender desta tão grande dor, a cuidar e a proteger a sua obra com inteligência, ordenamento e sentido humano.
Apesar das correrias do dia-a-dia, das precaridades laborais, dos medos instalados, das incertezas do amanhã e dos insucessos da vida, também nós somos levados ao colo por Deus todos os dias.
Que vivamos e manifestemos o amor e os sentimentos de Cristo Jesus, são os votos da Equipa Executiva Nacional da LOC/MTC, nesta quadra natalícia.
Dezembro de 2017