A Equipa Nacional da LOC/MTC – Movimento de Trabalhadores Cristãos, reuniu, em Aveiro, no dia 20 de janeiro de 2018, para fazer o balanço das suas atividades e implementar as programadas para o período seguinte.
Fez, também, a avaliação dos tempos em que vivemos e do que isso significa para a vida dos trabalhadores e da população em geral, a partir de um olhar atento de quem vive e sente solidariamente as angústias e as esperanças.
Congratulamo-nos com o aumento do salário mínimo e com alguma reposição de salários e apoios sociais que tinham sido retirados, mas grande parte dos trabalhadores, especialmente jovens, continua sem condições de vida digna e é sujeita a grande pressão nos seus locais de trabalho pelas condições que lhe são impostas, sentindo-se forçados a aceitar situações que vão contra à sua dignidade, tendo em conta a situação de precariedade laboral em que se encontram. Não deixa de ser preocupante o aumento de acidentes de trabalho, especialmente na construção civil, o que parece indicar menos atenção à segurança e ao cuidado com a vida dos trabalhadores.
Uma das maiores injustiças para os trabalhadores são as terríveis situações de salários em atraso, que não se podem tolerar de forma nenhuma e que continuam a acontecer com alguma frequência. Entre outros são mais conhecidos os casos dos cerca de 500 trabalhadores da Triumph de Sacavém que neste momento lutam para receber alguns salários já vencidos e manter os seus postos de trabalho, e os dos trabalhadores da Ricon em Vila Nova de Famalicão que estão a receber apenas 50% dos seus salários. A estes e a todos os trabalhadores nestas situações, exprimimos a nossa solidariedade e o nosso apoio pelas suas dificuldades e pela sua luta.
Como Movimento de Trabalhadores Cristãos, sentimos ser necessário denunciar estas situações de injustiça laboral e social a nível local, nacional e internacional, pois a exploração e a precaridade laboral é uma praga mundial que não podemos aceitar.
Também a eliminação de serviços públicos de proximidade como é o caso dos CTT com o fecho de mais estações dos correios, são injustiças socais que atingem sempre os mais desfavorecidos, que são os que têm mais dificuldades para se deslocarem. Causa indignação ver idosos chegar aos postos alternativos dos CTT nas autarquias locais e o/a funcionário/a dizer: “Não tenho dinheiro para lhe pagar a reforma, venha cá para a semana”. Estas eliminações de serviços estão a acontecer por meros interesses económicos, que não têm em conta as pessoas, as suas necessidades e a sua dignidade e além disso nestes locais alternativos há outros custos das autarquias que são pagos através dos impostos. Serviços públicos que servem toda a população, não podem ser geridos só ao sabor da obtenção de lucro, levando à sua descaraterização e desmantelamento prejudicando sempre os mais desfavorecidos. O critério de serviço público não pode ser só o dinheiro. Por isso é preciso lutar para que se mantenham públicos e ao serviço de toda a população.
A situação da saúde, considerado o bem mais precioso da humanidade, tem criado sérias dificuldades à população, principalmente no que respeita à sua acessibilidade, em algumas zonas do país. Como não está acessível do mesmo modo para todos, torna-se indispensável e urgente que se tomem as medidas necessárias para que todos lhe tenham acesso. O Serviço Nacional de Saúde, criado há 38 anos, que obteve tão bons resultados nos cuidados de saúde em Portugal, precisa ser defendido e desenvolvido. Para isso são indispensáveis mais meios e mais profissionais para que todos os que necessitam tenham acesso aos cuidados de saúde e sejam tratados com humanismo. Porque se trata de um bem tão precioso não se pode considerar a saúde como um negócio.
O papa Francisco afirma na sua exortação apostólica Alegria do Evangelho, nº192 “Não se fala apenas de garantir comida ou um digno sustento para todos, mas prosperidade e civilização nos seus múltiplos aspetos. Isto engloba educação, acesso aos cuidados de saúde e especialmente trabalho, porque no trabalho livre, criativo, participativo e solidário, o ser humano exprime e engrandece a dignidade da sua vida. O salário justo permite o acesso adequado aos outros bens que estão destinados ao uso comum”.
Acreditamos que cada um é portador de Esperança, e por isso queremos ser activos na procura de um modo de viver em sociedade de forma digna, segundo o projeto de Deus.
Equipa Nacional da LOC/MTC